segunda-feira, 16 de maio de 2011

Parto Sem Dor: Você Também Pode! O Nascimento da Iara Vida


Partilhando a história do parto de minha terceira filha. Literalmente sobrevivemos!

Nascimento da Iara Vida
12 de março de 2002, 09h10min da manhã


Em 2002, minha vida como eu a conhecia tomou outros rumos. Mudamos-nos da fazenda, buscamos novos horizontes e engravidei novamente. Embora soubéssemos que teríamos mais filhos, fiquei muito apreensiva. Foi uma gravidez sensível, chorei muito durante toda a sua duração por vários motivos pessoais, o que me gerou muita insegurança e até uma depressão.
Nosso estilo de vida simples e minha deficiência nos expunham e muita gente foi contra eu estar grávida. Houve momentos nos quais me senti uma criminosa andando na rua, exposta por algo que era uma benção para quem mais importava: eu, meu marido e minhas filhas.
Toda essa apreensão fez com que, aos 4 meses de gestação, eu tivesse uma ameaça de aborto e fosse parar no hospital, onde fiquei internada.  Me lembro de ter o George ao meu lado, no medonho leito da enfermaria do hospital público da cidade mais próxima, orando e chorando, segurando em minha mão para me dar forças. Sentia-me muito fraca, deprimida e impotente. Apesar disso, não deixei de desejar que nosso bebê nascesse e a gravidez vingou.
Mudamos-nos para outra casa na cidade, onde iniciei um comércio de artesanato com minha cunhada.
Abrimos uma loja e tudo ia bem; no entanto, o trabalho de meu marido, que seria nossa principal fonte de sustento, já que eu teria minha terceira filha em pouco tempo, desmoronava por conta da distância entre onde morávamos e a fazenda, sede do seu trabalho.
Visando o bem da família saí da sociedade da loja e, poucos meses antes do nascimento de Iara, voltamos a morar na fazenda, o que me deixou muito insegura também.
No finalzinho da gravidez, não me sentia tão forte como nas outras vezes e sei que isso influenciou muito no parto.
Ficamos em dúvida se deveríamos ter no hospital desta vez. Eu tinha medo de tudo, mas acabamos combinando novamente com a parteira e minha mãe novamente veio, me apoiando com sua experiência e amor.
As dores de parto vinham de noite e iam ao amanhecer. No terceiro dia, decidimos que o melhor seria mesmo irmos para o hospital.
Acabamos tendo que ir para o hospital local, já que o trabalho de parto havia se iniciado e ir para mais longe seria arriscado. O médico, que já conhecíamos, fez o exame de toque e mediu a pulsação do coração e estava tudo bem, o bebê iria nascer em pouco tempo.
Fui encaminhada para a sala de espera para o parto e me aplicaram o soro indutor de contrações na veia. Não sei se foi o procedimento correto ou não, mas o soro foi aberto com um gotejamento muito acelerado e o que senti foram minhas orelhas esquentando e uma contração ininterrupta de 4 minutos. Foi horrível! Mamãe e George não sabiam o que fazer e o médico havia saído da sala para se preparar em outra sala.
Quando chegou, o bebê já estava nascendo e ele insistiu para que eu me sentasse na cadeira de rodas para irmos para a sala de parto. Quando eu estava me sentando na cadeira, a bebezinha desceu e não resisti em expulsá-la. O soro indutor gerou contrações muito intensas e sentia que estava nascendo.
Iara nasceu ali mesmo, comigo apoiada na cadeira de rodas, sem higienização alguma. George, ao perceber o que estava acontecendo, mais do que depressa correu e pegou a bebê. Minha mãe viu que o cordão estava enrolado no pescoço e desenrolou rapidamente. O médico mesmo ficou sem ação. Foi uma cena constrangedora digna de cinema trash.
Enquanto as enfermeiras levavam a Iara pelo corredor gelado, sem cobri-la, para limpeza, George corria atrás delas indignado com tudo aquilo. Fiquei na sala onde estava e retornei ao leito da enfermaria.
O médico chegou e começou a puxar minha placenta pelo cordão e apertar com força meu ventre, eu me senti abusada! Eu tentava tirar suas mãos, implorava para ele parar com aquilo, mas não tinha forças.
Ele puxou a placenta e, junto com ela, seguiu uma hemorragia em cachoeira, algo que nunca tinha visto. Chamei George que ficou horrorizado, tudo foi ficando cinza ao meu redor.
O médico voltou e notei o espanto em seus olhos. Aplicou-me então uma injeção para conter a hemorragia que trouxe todas as dores do parto de volta. George chegou e me pegou para passar para outra cama. Eu me sentia muito fraca, muito. Parecia não estar ali.
O quarto era do outro lado do corredor e, ao chegarmos no meio do corredor, caiu de mim um monte de sangue e pedaços de placenta, que se espalharam e se alastraram por todos os outros quartos, desmaiei em seguida. George me levou o restante do caminho com a certeza de que havia  me perdido.
Quando acordei, minha mãe estava ao meu lado com a bebê no colo. Peguei-a com ternura, olhei-a nos olhos e disse: Sofreu, não foi meu bem? E ela imediatamente deu um chorinho doído. Foi bem impressionante, ela realmente respondeu!
Amei-a profundamente e coloquei-a para mamar.
George, que havia ido descansar um pouco, já estava ao nosso lado com lindas flores e comidinhas gostosas. Abraçamo-nos emocionados e minha mãe perguntou: “Qual vai ser o nome dela?” Foi então que eu disse: “Iara. Iara Vida em homenagem ao nosso renascimento hoje.”
Minha mãe dormiu comigo naquela noite na enfermaria.
Lembro-me de que, no fim da tarde, quando o quarto ficou vago somente para nós, uma luz diferente e brilhante, muito bela, inundou todo o ambiente e pudemos sentir a presença de anjos ali, uma benção.
Na manhã seguinte, embora os médicos quisessem que ficássemos ali, fomos embora o mais rápido possível. Apesar de tudo, as enfermeiras e toda a equipe tiveram muito carinho conosco.
Demorei um pouco para me recuperar, mas Iara cresceu linda e hoje é uma delicada menininha com dons para as artes.


 Trecho do livro: Parto Sem Dor: Você Também Pode!
Autora: Maria do Sol





3 comentários:

  1. Chorei lendo isso.
    Como não morrer de orgulho por essa família linda e abençoada!?
    Amo demais! Todos! Muito forte!

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  2. SOl que isso!! muita emoção!! estou sem palavras!
    beijos Fabi

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  3. Acabo de ler seu impressionante relato que me levou às lágrimas. Momentos de fragilidade em que se manifestou toda a fortaleza divina! Parabéns, Sol!!!

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