segunda-feira, 9 de maio de 2011

Parto Sem Dor - você também pode! Trechos do livro - O Nascimento da Miriá Lua

O Nascimento da Miriá Lua
31 de dezembro de 2000, 03h40min da madrugada


O segundo filho é uma experiência que traz uma magia diferente. Se no primeiro filho experimentamos o deslumbramento de estarmos vivendo aquilo tudo pela primeira vez, o segundo filho traz a magia de passarmos pelo evento novamente, mas agora já sabendo muito melhor o que fazer, com a esperança de não repetirmos um monte de erros que fatalmente cometemos na primeira vez por pura falta de experiência.
Desde o momento em que tivemos a primeira, já tínhamos a certeza de que teríamos mais.
Miriá chegou após dois anos e onze meses, o que consideramos uma boa distância para termos mais um filho.
Agnes já estava desmamada, já andava, falava e não usava fraldas. Engravidamos sem planejar a data exata, mas já abertos para que acontecesse. Eu me cuidava com tabelinha somente e minha menstruação já havia se regulado fazia um bom tempo.
A gravidez foi muito tranquila. Estava com 23 para 24 anos, jovem, disposta e com o físico muito condicionado por nosso estilo de vida campestre e a nova vida de mãe.
Decidimos ter novamente em casa, já que tudo transcorrera muito bem na primeira vez. Avisamos a parteira que deveria vir desta vez, pois minha mãe parecia apreensiva com o fato de termos novamente em casa e eu também sentia insegurança, como se tivesse “sobrevivido” ao primeiro.
Nessa época, morávamos em nossa casa no campo, sem luz elétrica.
Era véspera de ano novo, dia 30 de dezembro. O tempo estava chuvoso e a cidade mais próxima, onde também morava a parteira, estava lotada por conta das férias e entrei em trabalho de parto durante a madrugada. Lembro-me que, por conta da data, todos de férias, a família vinha nos visitar e perguntar sempre a mesma coisa: “E aí, já nasceu”?
Experimentei uma ansiedade tão forte com aquele barrigão, a chuva, férias perdidas, e dia após dia de espera, que decidi, imaginem, fazer uma escadinha de acesso ao rio que temos na parte de trás de nossa casa. Carreguei pedras, capinei e nadei, fiz tudo como se não estivesse com 9 meses de gravidez ou dificuldade física. Todos me mandavam parar, mas eu nem escutava.
Hoje acho engraçadíssimo lembrar meu desespero.
Na mesma noite, acordei sentindo contrações e chamei meu marido e minha mãe, que já estavam preparados.
Tentei dormir o máximo possível até as contrações ficarem mais intensas. Levantei-me, o líquido amniótico da bolsa vazou um pouco e fui tomar um banho. O tampão se rompeu durante o banho, algo que não havia experimentado no parto anterior. O tampão é uma camada gelatinosa que protege a entrada do útero e sai bem antes do bebê nascer (em alguns casos).
George pegou o carro e foi atrás da parteira, que já estava de sobreaviso. Ele não queria ir, temia não dar tempo, mas minha mãe insistiu. Minha mãe, mais do que depressa, arrumou e esterilizou todo o quarto, agora já mais confiante e experiente.
Após a saída do tampão, assim que George saiu, as contrações se tornaram muito mais intensas e rápidas. Eu e minha mãe começamos a temer que acabaríamos fazendo o parto sozinhas. Eu chamava o George em meu coração, rezávamos, e as contrações continuavam se intensificando.
Quando a bebê já estava para coroar, cerca de 03h10min da madrugada, George chegou, sem a parteira. Havia procurado por toda a cidade, tentou todos os telefones que dispunha (depois descobrimos que estavam errados), mas não a havia encontrado. Resolveu voltar o mais rápido possível.
O tempo estava nublado e chuvoso, o que nos causou certa apreensão quando ele saiu. Meu marido me traz muita segurança, não queria ter a bebê sem ele. Mais tarde soubemos que a parteira, nossa querida Amércia, havia alugado sua casa, mas manteve o telefone ligado ao seu lado o tempo todo.
Naquele momento eu já me encontrava na fase delirante do parto, o transe final onde o corpo, o parto e o bebê se entregam àquele momento de renascimento e nascimento.
Em menos de 30 minutos Miriá Lua nasceu, à luz de velas. Era simplesmente linda!
Nos emocionamos muito com sua beleza.
Foi, sem dúvida, meu melhor parto até ter o parto sem dor. Eu ainda estava descansada, o trabalho de parto todo durou cerca de 4 horas, no máximo.
Logo Miriá estava em meu colo, limpinha, mamando calmamente. Deu tudo certo novamente. Acordamos a Agnes, que se emocionou ao ver sua irmãzinha, que até então não sabíamos se era menino ou menina.
Seu batizado tem uma história curiosa. Fomos batizá-la em uma cachoeira linda. Subimos o rio, em um dia ensolarado, e fomos batizar a até então Miriá. Pensei em Miriá Lua, fazendo uma homenagem ao meu próprio nome, mas George não gostou e não comentei mais nada.
Após as palavras de benção, eu disse: - “Eu a batizo, Miriá”. Lana, a madrinha, disse: - “Que nome lindo, Miriá Lua!” Olhei para o George, espantada, e disse: - “Mas eu não disse isso!” E logo soubemos que era o nome dela.
Depois disso, conseguimos registrar e correu tudo bem.
Ela teria um nome forte como sua presença neste mundo.

Trecho do livro: Parto Sem Dor: Você Também Pode!
Autora: Maria do Sol

Um comentário:

  1. Estou emocionada Sol, que lindo seu relato, sua vivência neste parto...Veja como são os desígnios de Deus...As coisas são como devem ser...^^
    Um lindo parto Tsunamico por assim dizer...Parbens

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