domingo, 11 de setembro de 2011

Minha experiência com Ensino Domiciliar

Nosso movimento em direção ao ensino domiciliar começou com minha própria insatisfação com o sistema educacional enquanto era estudante, partilhada por meu marido.
Com o nascimento de minha primeira filha comecei a pesquisar a possibilidade de ensinar de uma forma diferente, de ensinar em casa, de proporcionar algo diferente a ela. Tomei contato com o homeschooling, descobrindo como este sistema, tão conhecido fora do Brasil, trazia inúmeros benefícios para quem os vivenciou.
Minha segunda filha nasceu e continuamos desejando fortemente praticar o homeschooling e comecei bem cedo. À medida que foram crescendo, fui percebendo suas tendências, proporcionando materiais e facilitando o aprendizado vivo que vislumbrava para elas. 
Busquei informações sobre o reconhecimento aqui no Brasil e enfrentei muita oposição. Passei a não falar sobre isso com ninguém, apenas familiares, que também não eram favoráveis em sua maioria, mas respeitavam.
Minha vida não foi das mais fáceis, enfrento diversas dificuldades diárias sendo uma mulher sem os dois pés, em uma fazenda, sem estabilidade financeira ou família por perto para apoiar, as coisas foram ficando cada vez mais difíceis de serem conciliadas, embora minha vontade tenha sempre sido enorme e sempre fiz por onde. Com o tempo meu marido, que também acredita junto, foi se afastando do processo educativo em si, para poder trabalhar focado e isso também pesou para mim, tendo que administrar essa parte sozinha para várias idades.
Tive cinco filhas. A mais nova está com 1 ano e meio agora.
As três primeiras foram alfabetizadas por mim.
Durante este tempo, entre a idade da alfabetização delas e os atuais 13 anos da mais velha, elas frequentaram e saíram da escola três vezes. Todas as vezes a tiramos a pedido delas, o que é mais legal.
O último período de tentativa foi o ano passado, inteirinho passado educando em casa. Avaliei bem e, diante de minhas condições de vida e possibilidades atuais, ficou insustentável educar em casa diversas idades e necessidades diferentes, enfrentando a dificuldade de ficar na clandestinidade (absurdo dizer isso com algo tão benéfico).
 Hoje estou tranquila com isso, passado o período de sofrimento por isso, pois abri mão de algo que sonhei muito.
Atualmente: minhas três filhas vão para a escola, são alunas exemplares de escolas públicas que deixam muito a desejar em relação ao que eu esperava, mas procuro acompanhar tudo, ajudar com o que posso, acrescentar e aliviar em casa o que posso. Elas já se adaptaram. O primeiro semestre foi mais difícil, tivemos que enfrentar provas de classificação, atestado de responsabilidade, comentários indesejados de quem não sabe do que está falando, mas optei por colaborar com quem estaria, a partir de agora, cuidando diariamente de parte da educação de minhas preciosidades.
Vejo super bons frutos das experiências delas, vejo-as levando muita coisa boa para a escola e para os alunos, assim como vejo também elas perdendo algumas sensibilidades só possíveis com um ensino individualizado, mas confio em Deus que tudo foi para o melhor e que fizemos a escolha certa.
Com tudo isso, aprendi bastante, estive muito mais próxima de minhas meninas e semeei muitas coisas boas no coração delas. Acredito no homeschooling.


3 comentários:

  1. É amada entendo você.
    Também tenho 5 filhos: O Isaque tem 13 anos, a Ester tem 12 anos, o Estevão tem 9 anos, a Rebeca tem 4 anos, e a Raquel tem 1 ano e 7 meses.
    É muito complicado, aqui tenho que dar aulas ao mesmo tempo de 8º ano, 7º ano, 5° ano, e ainda estou alfabetizando a Rebeca. Tem hora que penso que vou ficar louca, pois além disso tem os afazeres domésticos.
    Mas amada, tive muita decepção com a escola, sempre eduquei meus filhos em casa, mas sofremos muitas ameaças e acabamos colocando-os na escola.
    Agora que estamos tendo esta nova oportunidade, pretendo levá-la até o fim, se Deus permitir.
    Já entramos na justiça para termos o direito de ensinar nossos filhos em casa. Tenho seguido os livros da escola adventista, e estou acostumando os mais velhos a se tornarem auto didatas, ou seja, estudarem sozinhos e tendo só alguns auxílios meu.
    Tenho experiências suficientes para não colocá-los mais em uma escola. Por tirarmos eles da escola também perderemos o bolsa família, que um auxílio em dinheiro que ganhávamos do governo. Sei que precisamos muito deste dinheiro, pois somos pobres, mas quero proteger meus filhos das coisas horríveis que há numa escola, pois não estamos lá para protegê-los.
    Beijos amada.

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  2. Querida Flúvia, obrigada por partilhar sua experiência e visão. Essa conversa é longa e inclui muitas, muitas questões. Estarei postando mais coisas a cada semana e sua participação será super bem-vinda. Conte comigo para partilhar o que desejar. Abraços!

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  3. Parabéns pelo blog e pelas conquistas. Realmente o ensino no Brasil é uma tristeza, tenho dupla cidadania (brasileira e americana) e já vivi as 2 realidades. No entanto o ponto negativo do homeschool, como você já deve saber, é o grande risco das crianças se tornarem adultos anti sociais, com tendências fortes a ter muita dificuldade de relacionamento, fortes depressões entre diversos outros problemas. No entanto, muito cuidado. As crianças criadas independentes tendem a se desenvolver muito mais rapidamente, eu já tive 1001 problemas e te garanto que todo zelo na educação e criação é pouco.

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