segunda-feira, 30 de maio de 2011

Parto Sem Dor: Você Também Pode! O Nascimento da Leona Luz


Passei um tempo sem postar por ter ficado sem internet e por conta da demanda do lar e da vida mesmo. Como prometi, estou postando o parto de minha quarta filha, comentem, vou ficar feliz em saber o que pensaram sobre a experiência e o que mais quiserem dizer. Abraço!

Nascimento da Leona Luz
05 de agosto de 2006, 13h35min


Enfim, engravidei pela quarta vez.
Já sabíamos que iria acontecer a qualquer momento e falávamos para todo mundo que teríamos quatro.
Eu não esperava, mas minha saúde, agora com 30 anos, já não respondia tão bem à gravidez e tive muita dificuldade durante todos os nove meses. Tudo era muito ruim, sofri fisicamente com cada sintoma e isso me fez nunca mais desejar engravidar.
Por conta disso e do traumático parto da Iara Vida, não me senti saudável para encarar um parto em casa, embora tenha tentado, no meu íntimo, não realmente me senti segura.
Quando minha bolsa estourou, chamei a parteira e Tracie, uma amiga doula, para o parto. Minha mãe estava comigo e o George também.
Desta vez, o trabalho de parto iniciou-se de manhã. A bolsa estourou e um líquido esbranquiçado começou a sair. Diante de todo o medo que já nos circundava (no fundo eu não achava que teria forças para ter em casa), acabei indo para o hospital em uma cidade com mais recursos, no qual um médico já me aguardava. Senti-me um pouco triste e decepcionada comigo mesma e chorei durante o trajeto até o hospital.
As contrações foram se intensificando durante o percurso. Fomos eu e o George. Desta vez minha mãe precisou ficar em casa com as outras meninas.
O hospital, embora fosse público, era muito melhor em termos de recursos do que onde tive a Iara Vida. Lá chegando, pude conhecer o tratamento padrão de uma parturiente em um hospital que dizia fazer parto humanizado.
O médico demorou a me atender, e o líquido amniótico continuou vazando. O médico me pediu para entrar e, enquanto fazia o exame de toque, ele conversava com outro médico. Tentei fazer um contato mais humano em um momento tão especial e delicado para mim, mas foi em vão.
 Embora ele não tenha sido antipático, nitidamente eu era mais uma ali. Logo de cara, pelo rápido exame de toque, disse que o bebê era grande (algo que um médico não deveria dizer) e que logo iria nascer. Virou-se para o outro médico e disse (sem me perguntar nada!): “Prepara a sala de parto para a cesariana e a ligadura”. Eu então acenei para ele, um pouco irônica, pois parecia absurdo ele nem me perguntar o que eu queria, dizendo: “Oi, eu estou aqui! Quero parto normal.”
O médico me olhou intrigado, com um sorriso espantado no rosto, e disse: “É mesmo, você quer normal?!”, como se fosse a coisa mais curiosa e rara do mundo.
Fui encaminhada para a sala de parto “humanizado”, com o George me acompanhando. Aplicaram-me o soro indutor por volta do meio-dia e, lá pelas 3 da tarde, o bebê já estava coroando.
Até aquele momento, de humanizado só vi uma sala bonitinha onde uma pessoa pode ficar com você, mais nada.
Quando percebi que as contrações estavam fortes, o médico foi chamado e me fez deitar para fazer o exame de toque, coisa que não queria porque já estava muito perto do parto. O bebê já estava nascendo e me fizeram deitar na cama com a cabeça já saindo. Levaram-me para uma sala de parto ao lado e o médico insistiu para que eu me posicionasse sentada, na posição padrão para parto em hospitais.
Bem, eu já havia parido três vezes e nunca havia conseguido ficar naquela posição, dói muito mais. Em meu estado de transe e minha condição física (sem os pés), não me pareceu favorável.
Em um gesto desesperado e visceral, posicionada de quatro na pequena mesa de parto, forcei a expulsão do bebê de uma forma que não queria. O médico, que já era outro, não se mostrou nem um pingo complacente ou generoso com minha condição especial, pedindo de forma grosseira que eu me deitasse e insistindo que eu estava dificultando seu trabalho (!!!!!). Senti-me profundamente constrangida com a bebê abaixo de mim, ensangüentada. Ainda evacuei um pouco e o George me limpou correndo para evitar mais exposição; enfim, foi muito desagradável.
A bebê era linda, enorme, gordinha e nasceu bem vermelha. Todas as minhas filhas, com exceção da Iara, que nasceu menorzinha, nasceram com mais de 3 kg e mais de 50 cm.
Após a expulsão, me deitei e pude verificar que minhas pernas não alcançavam o apoio para pernas, eu teria caído!
Notei a expressão de vergonha no rosto do médico ao constatar isso. Ele esperou a placenta sair e tirou líquido de meu cordão umbilical sem me perguntar nada. Coletou células-tronco sem prévia autorização... Não seria isso um crime?
Leona foi imediatamente tirada de mim e mexida e limpada grosseiramente com pano. Enfiaram coisas nela, pingaram coisas nos olhos dela, furaram o pezinho dela, enfim, aplicaram nela o que chamam de procedimento padrão. Ninguém merece tanto desrespeito à vida! George assistia horrorizado e impotente. Não quero que pensem que sou contra procedimentos hospitalares que visem salvar vidas, mas um bebê que chega ao mundo saudável deveria receber um tratamento no mínimo super delicado e não é o caso de jeito nenhum.
Logo fui levada para a enfermaria, ainda sem a bebê, o que me causou insegurança. Pedi ao George que não saísse de perto dela de jeito nenhum. Em hospitais assim, o risco de roubo ou troca é grande.
A enfermaria continha várias mulheres e um banheiro horrorosamente sujo. Meu marido não podia ficar e exigi uma acompanhante, o que foi uma dificuldade enorme, sendo que é obrigatório por lei para pessoas com dificuldades especiais como eu. Minhas dificuldades são reais, nenhum lugar é adaptado e eu acabara de ter um bebê.
Novamente me senti exposta em um momento que deveria ser de pura acolhida e sensibilidade.
Tomei um banho rezando para não sair dali contaminada e me trouxeram a bebê. Ela era simplesmente linda, parecia uma bebê maiorzinha, gordinha, fofa! Senti-me com uma boneca no colo.
Já com muita experiência, é muito gostoso ter um novo bebê, sentimos que a vida realmente se renova. George sempre dava um jeito de chegar perto e ficar um pouco, acabando por causar polêmica no hospital. Minha cunhada, Elke, foi ótima e me deu todo o apoio do mundo.
Já tínhamos a idéia de que se chamaria Leona e minha mãe havia pedido para homenageá-la colocando o segundo nome de Luz, já que seu nome espiritual e artístico desde a adolescência é Vera Luz.
Pronto, estava escolhido: Leona Luz!

Tive que dormir ali, com muito barulho o dia todo. Atendimento ruim, higiene ruim, enfim, nada que propicie realmente um parto ou uma recuperação tranquilos. Pude ver coisas ainda piores acontecerem com quem não sabia lutar por seus direitos. Saímos brigados com o hospital, isso foi inevitável.
Não foi o fim do mundo, mas foi uma situação longe do ideal.
Desci pelo mesmo caminho pelo qual saí e encontrei uma menina que, há dois dias esperava na sala de parto “humanizado” para ter o bebê. Simplesmente, a garota, que sangrava entre as pernas, tinha uma mecha enorme de cabelos brancos, que não existia antes, de estresse!!! Parto humanizado uma ova!!!!
Leona é super saudável, de temperamento decidido e, como todas, muito amada e amparada. Minhas filhas são nossas vidas e muitos as amam.

Livro: Parto Sem Dor: Você Também Pode! 
Autora: Maria do Sol

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